quarta-feira, novembro 08, 2006

Três da tarde de ontem e liga a minha avó perguntando que horas eu chegaria ao aniversário do Bruno. Hein?

- Pai, hoje é o aniversário do Bruno?!?
- Ih, é mesmo, esqueci!
- 10 anos?
- Ou 11?!?

Inferno! As pessoas já deveriam ter entendido que informações sobre qualquer evento importante devem ser passadas pra mim - o resto da família simplesmente não se coordena. Aff...

Eu tinha duas horas pra tomar banho, escolher uma roupa, comprar um presente e fazer todo o trajeto até Terezópolis de Goiás. Em meio a todas essas coisas, como é que eu ia me preparar psicologicamente pra resistir às guloseimas que me esperavam por lá?

Tomei meu banho e dei uma olhada no guarda-roupa. Ele me olhou de volta, com cara de paisagem. Lógico que a única calça limpa era aquela mega apertada, que exigia toda uma ginástica pra caber em mim. E, gente, não há nada mais feio que sair por aí com uma roupa apertada. Inaceitável. Mas quem foi que disse que eu tinha outra opção? Resolvi encarar. E, pra minha surpresa, a calça ficou ó-ti-ma. Eu posso jurar até que ficou um dedinho frouxa. Pronto, era o que eu precisava. Era só olhar a calça que eu estava vestindo pra não ter vontade de comer nem meio brigadeiro.

Depois de um passeio no shopping, uma discussão sobre o presente e meia hora de estrada, chegamos. Cumprimentei o Bruno e entreguei o presente, um tênis - idéia do meu pai. Com os sapatos no pé, ele perambulou um pouco pela casa e disse que preferia mil vezes o tênis a um brinquedo. Não sabe ele que a minha sugestão era o Banco Imobiliário Júnior.

E a tarde foi passando. Não tinha muita gente. Não tinha decoração. Não tinha música. Só me restou ficar ali pseudo-socializando com as pessoas da cidade. Com o tempo, as crianças começaram a ficar ansiosas pelo Parabéns (mentira, pelo bolo), mas faltava um convidado, o-pastor-que-nunca-chegava. Eu, sinceramente, nem queria ver aquele bolo na minha frente. Quanto mais tempo ele ficasse na geladeira, melhor.

Quando o pastor finalmente resolveu dar o ar da graça, o Parabéns saiu. O bolo não me interessava mesmo, então comecei a cuidar da bebida, distribuir copos, patatí patatá. E, sem prestar muita atenção, eu ouvi a mãe do Bruno dizer: "De quem é o primeiro pedaço, Bruno?". E eu lá, servindo refrigerante aos convidados. Foi quando veio a resposta: "É da Priscila!". Hein?!? Peraí, deixem-me repetir: Hein?!?!?!? Gente, foi o choque da década. Alguém precisava ter registrado a minha cara. Como é que eu, a Miss Antipatia da família, ganhei o primeiro pedaço de bolo?

Eu devo ter levado um minuto processando toda a situação... Foi então que eu atentei pra questão realmente importante nessa confusão toda: como é que ia dizer que não queria o meu "primeiro pedaço"? Não, não tinha jeito, eu precisava cometer aquele crime calórico. E eu comi tudo, sempre olhando com tristeza a minha calça, mas comi.

E a questão importante de hoje é: quantas calorias tem um pedaço generoso de bolo coberto com glacê e recheado com mousse de maracujá? Ou melhor ainda: quanto tempo eu vou precisar adicionar a minha caminhada diária de duas horas pra que a calça continue servindo?

Sniff...