sexta-feira, outubro 29, 2004

Quando eu era pequena, tinha a mania de formular teorias pra explicar as coisas que eu não entendia. Bom, eu era criança, vocês já devem imaginar que nada fazia muito sentido. Uma delas era sobre anjos-da-guarda. Eu pensava que, com tanta gente disponível no mundo, era muito mais lógico que nós fossemos anjos uns dos outros. Só que eu não conseguia imaginar quem poderia ser o meu, já que, segundo as leis da minha teoria, parentes estavam excluídos. Então, baseada na minha outra teoria de que a vida precisa ser complicada pra funcionar, eu cheguei à conclusão de que as pessoas tinham que procurar os seus anjos. Dele dependeria a sua felicidade. Portanto, pra mim, pessoas infelizes eram aquelas que nunca tinham tido a chance de encontrar o seu protetor. Vejam, não seria difícil de acontecer, considerando que, em um mundo deste tamanho, o anjo poderia estar a léguas de distância do seu protegido.

Eu cresci, viajei, conheci muita gente. Mesmo entendendo que as minhas teorias infantis eram absurdas, não consegui me desfazer de algumas delas, principalmente da Teoria do Anjo. Por quê? Simples, eu encontrei o meu.

Marcelo Fiorot