segunda-feira, agosto 30, 2004

A Ópera

Como vocês já sabem, ontem foi dia de ópera. A viagem correu tranqüilamente, até porque o Danilo estava surpreendentemente mudo. Aliás, demorei a perceber, porque o incidente do pseudonamorado me deixou distraída. A gente chegou. Quando todo mundo concordou que a gente precisava encontrar um lugar pra comer, o Danilo puxou o Clayton pelas escadarias do teatro e os dois desapareceram. Mistério. O Felipe foi checar qual era o problema. Chutem! O Danilo tinha perdido os ingressos! Isso, plural. O dele e o do Clayton! Tudo fez sentido. O Danilo estava mudo porque sabia, desde o momento em que a gente saiu de Campinas, que tinha perdido os ingressos. Mas, sabem como é, tem pessoas que criam problemas que só elas mesmas sabem resolver. E ele resolveu tudo (não sem antes deixar o Clayton subindo pelas paredes).

Passados o susto, o lanche e a indignação do Clayton, a gente entrou. A divisão: Maristela, Izael, André, Vívian e Marisa - BALCÃO; eu, Felipe e Márcio - GALERIA; Clayton, Danilo, Fernando, Plínio, Cláudia e Márcio - ANFITEATRO. Pois é, a galeria era uma coisa assim bem desconfortável, mas nada abalava a empolgação. A primeira ópera de nossas vidas, sabem como é? O Felipe parecia criança, muito legal!

A ópera começou. Eu tinha me preocupado tanto em ler o resumo antes... Dããã! Tinha legenda! Depois do primeiro ato, fizeram o que parecia ser um intervalo. As pessoas poderiam ter desconfiado que não, porque as luzes continuaram apagadas. E as pessoas pensam? Todo mundo levantou, a gente levantou também. Não, gente, a gente não queria esticar as pernas, não. O Felipe tinha visto um camarote vazio lá de cima e decidiu que aquele camarote tinha que ser dele. Corre, corre, corre! De repente, a gente percebeu uma correria de pessoas. O maestro tinha voltado!!! Não, não era um intervalo. A gente já tinha perdido o início do segundo ato mesmo, Felipe continuou lutando pra chegar ao camarote dos sonhos. A gente estava quase lá. Ele começou a contar as portas pra não entrar no camarote alheio. Um, dois, três, é aqui!!! A expressão de felicidade sumiu do rosto dele sem mais nem menos. Eu não entendi. Ele apontou pra cima. Uma placa: GOVERNADOR. Péééém!

Depois de subir o que me pareceu 50.000 degraus, a gente chegou à galeria com o rabinho entre as pernas. E lá de cima eu pude ver Danilo, Clayton e Fernando devidamente instalados num camarote. E não era qualquer camarote. Pelo que me disseram, eles passaram a lábia em uma cantora lírica famosa da qual eu nunca tinha ouvido falar. Tem gente que tem sorte.

O segundo ato acabou. Intervalo, agora sim. A gente resolveu descer e encontrar o resto do pessoal. Eu percebi uma certa impaciência do Felipe com os sinais. São dois ou três? Esse foi o primeiro? Percebendo a minha curiosidade, ele me informou os novos planos. Não, ele não tinha se deixado abater pelo camarote do governador. Eu marquei quatro lugares vazios na platéia. Querem tentar? Eu fui apreensiva, mas fui. Ah, definitivamente, o Céu é amarelo.



O pontinho rosa lá em baixo sou eu...feliz, feliz, feliz! Estão vendo o meu sorriso?

Tá, mas e a ópera?

  • Eu não gostei da Mariana Cioromila, a mezzo-soprano. Na verdade, ninguém gostou. Só que, enquanto eu reclamava de ter achado a voz dela muito pesada, a Vívian e o Clayton diziam que era muito leve pra uma mezzo. Tá, então eu não gosto de mezzo nenhuma.
  • O Octavio Arévalo (Don Carlo) tem uma carisma impressionante. A voz do Rodrigo Esteves, o barítono, é simplesmente fan-tás-ti-ca.
  • A supresa ficou por conta dos cães no palco e jaquetas de bandas de rock nos soldados!
  • O ponto alto pra mim foi a Marivone Caetano, soprano (voz celestial). Uma voz tão limpa, tão afinada! O vibrato na medida certa, lindo. Um pessoalzinho do Instituto de Artes que estava por lá destestou a mulher.
Conclusão da noite: não entendo nadica de nada de ópera!

Próximos programas: Hopi Hari e Chicago. Aguardem.