quinta-feira, julho 22, 2004

A Viagem - Parte II
 
O ônibus chegou com um atraso de meia hora e parou naquele mesmo corredor estreito onde o meu celular foi roubado. Quem entende? A plataforma é imensa, mas, por algum motivo obscuro, o ônibus das 20:05 h sempre pára naquele corredor. Ah não, ninguém ia levar meu celular de novo! Fui a última a despachar a bagagem pra evitar aquela confusão de gente gritando, empurrando, se engalfinhando. Neurótica? Desde que eu esteja com o meu celular, vocês podem dizer o que quiserem.
Quando eu finalmente consegui embarcar, me deparei com alguém na poltrona 22! Ahhhhh!!! Bom, fazer o quê? Eu pedi que a pessoa saísse pra eu poder me sentar. Sim, pessoa, porque os funcionários daquela companhia têm um problema e não acenderam as luzes, eu não conseguia distinguir se era homem ou mulher. Pois é, a pessoa nem se mexeu. Estranhei e pedi de novo. A pessoa murmurou alguma coisa. Foi aí que eu entendi: alguém já estava sentado na poltrona 21!!! Como assim? Eu tinha duas poltronas e fiquei com nenhuma no fim das contas??? A cena: eu e mais duas pessoas com as respectivas passagens na mão, tentando descobrir no escuro quem estava no lugar errado! Ah, desisti e chamei o motorista. Finalmente, alguém entendeu a iluminação era um problema. Conversa vai, conversa vem, ficou claro que a pessoa sentada na minha poltrona 21 estava errada. Problema resolvido, eu sentei e olhei pro rosto da pessoa que não me deixou passar quando eu pedi. Não, não era uma pessoa qualquer, era um dos meninos que moram comigo!
 
- Ei, você mora lá em casa!
- Nooooooossa, que coincidência! Você é a...
- Priscila!
 
Fico imaginando se essa conversa fez sentido pra alguém que não estava participando dela. Ah, não importa. O que importa é que eu tinha arrumado uma companhia de viagem que ouve Tchaikovsky e Stravinsky, acompanha a programação da Sinfônica da Unicamp e, por incrível que pareça, morou em Parauapebas!
 
Sério mesmo que essa pessoa existe?
 
Continua...